Artigo

Pátria Amada

Setembro dia sete a data gloriosa que naquela manhã raiou tão duvidosa. Interpretar o Hino Nacional é fazer com que os professores e os alunos possam analisar a letra, trabalhando a questão semântica, sintática e léxica da língua portuguesa e compreendendo melhor esses aspectos da letra do Hino Nacional, resgatando assim, um dos hinos mais belos da pátria.

            O Hino Nacional foi bastante lembrado em junho desse ano no movimento das ruas. E agora na data cívica máxima do Brasil. Durante os 322 anos do Brasil Colônia (1500 a 1822). O Brasil foi vassalo de Portugal. O Brasil não era reconhecido como nação soberana.  Não tinha opinião nem vontade própria, com o gesto de Dom Pedro e o famoso grito do Ipiranga de “independência ou morte”, raiou a liberdade!

            Todos os brasileiros temos o dever não só de cantar corretamente o nosso Hino Nacional, mas também de compreender a letra em todos os seus aspectos linguísticos. No Hino Nacional brasileiro encontramos inúmeras palavras que muitas vezes o brasileiro mais desligado não atenta para o seu significado. São elas: PLÁCIDAS: tranquilas, sossegadas; BRADO: grito; RETUMBANTE: vibrante, que se ouve ao longe; FÚLGIDOS: brilhante; PENHOR: garantia; VÍVIDO: forte, intenso; IMPÁVIDO: destemido, corajoso; COLOSSO: gigante, muito grande; ESPELHA: reflete, transmite; FULGURAS: brilhas, resplandece; FLORÃO: ornato circular em forma de flor, um teto ou abóbada; GARRIDA: alegre, elegante; LÁBARO: bandeira; OSTENTAR: mostrar; FLÂMULA: bandeira; CLAVA: tipo de arma.

            Os brasileiros temos o dever não só de cantar corretamente o Hino Nacional, mas também de compreender a letra em todos os seus aspectos linguísticos. A escola brasileira em seu projeto pedagógico, estabelece análise de todos os seus gêneros textuais – romance, crônica, poesia, publicidade, ensaio-, mas esqueceu de interpretar com os alunos a riqueza do léxico e da sintaxe que há na letra do Hino Nacional Brasileiro.

             Hino é um poema ou canto lírico de invocação ou adoração, que celebra uma divindade, um herói ou um acontecimento histórico. O Hino Nacional começa falando sobre nossa independência às margens do riacho Ipiranga. Com a expressão “um povo heroico” O poeta Osório Duque Estrada quis dizer que o povo brasileiro lutou pela independência, pela liberdade, e continua lutando pelo progresso que é saúde, educação, ação pública sem demagogia vivendo a busca do bem coletivo.

            Nos dois versos:

              Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

            De um povo heroico o brado retumbante.

            Osório Duque Estrada autor da letra do nosso Hino usou o discurso indireto nesses versos: empregou a terceira pessoa; o verbo no pretérito perfeito (ação passada e concluída) e a ordem direta seria: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico. Então o sujeito de ouviram é as margens plácidas. “Gigante pela própria natureza,” o poeta quis dizer o Brasil é um país de tamanho gigantesco, colossal e de grande recursos naturais e humanos.

            Quanto a semântica no Hino Nacional a escola às vezes esquece de trabalhar. Observe: … “O penhor dessa igualdade conseguimos conquistar com braço forte,” a palavra igualdade aí significa que o Brasil independente tem a liberdade de se organizar como nação, de fazer as suas próprias leis, em pé de igualdade com outras nações livres.

            Intertextualidade – a idealização dos sentimentos e da vida produz uma nova ficção, criada a partir da vaporização do individualismo e da subjetividade. Então, as características formais importantes, valores como individualismo e o sentimentalismo são elementos centrais do romantismo, gênero literário no apogeu na época em que o hino foi escrito.

            “Nossos bosques tem mais vida, nossa vida…mais amores”. Esses versos são de autoria de um poeta romântico Gonçalves Dias, dai o belíssimo exemplo de intertextualidade explícita que Duque Estrada utilizou na letra de nosso Hino, onde o poeta expressa saudade e nostalgia, referindo-se à beleza e à alegria que há em nossa natureza (lá) em contraste com seu exílio em Portugal (aqui), apresentando uma característica do romantismo que era o culto a natureza.

            Vários dos nossos poetas criaram poemas com alusões ao Hino Nacional brasileiro como Carlos Drummond e Vinícius de Moraes, essa intertextualidade, faz com que as pessoas percebam a pujança que existe na letra e passam a valorizar mais o símbolo da pátria, visando a uma aprendizagem ética, crítica e reflexiva.

            Estudo morfossintático – Muitos analisam o sujeito da frase ouviram do Ipiranga como sujeito indeterminado, grande engano, o sujeito é simples, pois ele é, as margens do Ipiranga e o núcleo do sujeito é margens que é o substantivo, exaltando a participação do povo brasileiro na sua independência. Ó pátria amada é um vocativo não exerce função sintática. Terra adorada é uma hipérbole, entre outras mil (terras) é um zeugma tipo de elipse que consiste na omissão de um ou mais termos anteriormente anunciados.

            Nesta semana da Pátria celebrando os cento e noventa e um anos do grito do Ipiranga, podemos pensar nisto: independência se faz todos os dias com o trabalho e a dedicação de todos.  Ó Brasil verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte.

            VIVA O BRASIL!