Artigo

Doenças infectocontagiosas – primeira parte

As doenças infectocontagiosassão conhecidas desde tempos imemoriais, porém seus agentes etiológicos eram desconhecidos. Pensava-se que elas apareciam pelo ar, daí, na Grécia antiga, quando ocorria uma epidemia, cercavam-se as cidades com fogueiras, na esperança de deter a enfermidade.

          Com o desenvolvimento da civilização, inventou-se a lupa e, um dia, lá pelo século XIX Anton van Leeuwenhoek, observando um gota de água, com uma lupa, viu pequenos seres se movimentando. Estavam descobertos os micróbios, alguns deles patogênicos, causadores de doenças.

          Os microscópios passaram a ser produzidos e Robert Koch, que tinha sido presenteado com um deles por sua esposa, conseguiu isolar a bactéria causadora da tuberculose. Tempos depois um seu patrício,  Wilhelm Roentgen descobriu o Raios X.  O brasileiro Manoel de Abreu inventou uma técnica de radiografia do tórax para baratear seu custo. Hoje, se complementa o diagnóstico de tuberculose com o exame de escarro(ZiehlNeelsen). Só faltava o tratamento, Empregava-se, antes do advento dos tuberculostáticos, a técnica do pneumotórax ou uma cirurgia no gradil costal. Thomas Mann e Dinah Silveira de Queiroz escreveram A Montanha Mágica e Floradas na Serra, respectivamente, mostrando o sofrimento dos tuberculosos naqueles tempos. Só faltava o remédio e ele veio em 1 948, quando Selman Waksman sintetizou o primeiro antibiótico a ser empregado no tratamento da tuberculose. Por esse feito, ele foi agraciado com o Nobel de Medicina e Fisiologia.

          Para as doenças bacterianas há os antibióticos e para as viroses? Até hoje, a única arma efetiva para estas doenças é a prevenção e isso se faz, usando as vacinas. Os retrovirais aumentam a sobrevida dos pacientes, mas não os curam. No século XlX, estava ocorrendo uma epidemia de varíola na Inglaterra e um médico, Edward Jenner notou que as ordenhadoras de vacas apresentavam feridas em suas mãos e nunca adoeciam de varíola. Jenner concluiu que as ordenhadoras contraiam das vacas uma forma mais branda de varíola. Coletou ele a secreção das mãos de uma ordenhadora e, através da escarificação num braço de um adolescente, fez a primeira vacinação. O garoto nunca adoeceu.

           Os cientistas, com o tempo, não mais usaram o método de vacinação de Jenner mas, antes de vacinar as pessoas, atenuavam, usando substâncias, o agente etiológico da varíola, que depois veio a ser nomeado de vírus. O vírus atenuado causará no vacinado a formação de anticorpos no seu organismo, mas não a doença. Hoje, retira-se apenas um pedaço do vírus para produzir a vacina. Duas cientistas, que introduziram esse método, recentemente receberam o Nobel Química.No próximo número, falaremos mais sobre doenças infecto-contagiosas.