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8 de março: Dia Internacional da Mulher

Sempre há quem questione se é necessário destacar no calendário esta data, sob o fundamento de que a Constituição proclama a igualdade entre homens e mulheres.

A resposta se encontra na diferença de salário para o desempenho das mesmas funções. Na ausência feminina nas instâncias de poder, tanto na esfera pública quanto na iniciativa privada. Mas, principalmente, nos estarrecedores números da violência doméstica e de feminicídios.

Deste ano, se tem os dados do Rio Grande do Sul: uma mulher é agredida a cada 22 minutos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, estes números correspondem somente à violência que provoca lesões corporais visíveis. Não estão contabilizadas as violências psicológica, sexual, moral e patrimonial.

E se for levado em conta que somente 10% das vítimas buscam atendimento, sob a assertiva de que “cansaram de apanhar”, é forçoso reconhecer que ninguém se encontra em situação de tanta vulnerabilidade quanto as mulheres.

Estas realidades evidenciam que a ideologia patriarcal subsiste. Uma cultura machista que reina em uma sociedade ainda conservadora, em que o homem acredita ser superior à mulher e que ela lhe deve obediência. O homem se tem como proprietário do corpo e da vontade da mulher. Crê ter poder sobre ela, a transformando em um objeto de sua propriedade. Como seu dono, não aceita perdê-la. Não admite ser abandonado. Por isso agride, por isso mata.

Claro que a solução está na educação.

Só que, em nome da preservação da família, se está impedindo que nas escolas se discutam questões de gênero. Propositadamente são baralhados os conceitos de educação sexual com incentivo à homossexualidade.

E, enquanto persistir esta triste realidade, é preciso destacar não somente um dia ou um mês para despertar a consciência de que as mulheres têm o direito de ocuparem o lugar pelo qual vêm lutando há décadas.