Entrevista

Entrevista com o diretor-presidente da Bahiagás, o economista Luiz Raimundo BarreirosGavazza.

O site de notícias www.jornaldireitos e o jornal DIREITOS entrevistam o economista e diretor-presidente da Bahiagás, Luiz Raimundo BarreirosGavazza.

DIREITOS – A Bahiagás tem um histórico de diversificação de suprimento do gás natural. Qual foi o resultado das últimas ações da Companhia neste sentido?

Luiz Gavazza– A história da diversificação de suprimento na Bahiagás começa em 2006, quando assinamos com o consórcio independente ERG Morro do Barro, que opera um poço em Itaparica.Em 2017, fomos pioneiros com as chamadas públicas de aquisição de gás, que se tornaram uma ferramenta usual no mercado.

A produção na Bahia estava diminuindo, mas os leilões da ANP (Agência Nacional de Petróleo) fizeram a atividade onshore (produção em campos terrestres) da Bahia voltar a se movimentar. Então, em 2018, nos juntamos a outras distribuidoras do Nordeste que estão conectadas à rede da TAG (Transportadora Associada de Gás) e fizemos uma chamada pública compartilhada, sinalizando ao mercado fornecedor maiores volumes para buscar preços mais atrativos e competitivos.

Recentemente, fruto da última chamada, em 2021, a Bahiagás fechou contrato com a Equinor, Shell, Galp, PetroRecôncavo e Origem Energia, que se uniram à Alvopetro eao Consórcio ERG, além da Petrobras, para fornecimento de gás natural.

DIREITOS – Ainda sobre o suprimento, quais os próximos passos?

Luiz Gavazza– Começamos 2022 como portfólio de suprimento mais diversificado do Brasil, recebendo o gás de oito fornecedores. Isso traz requisitos muito maiores para operação e monitoramento, mas gera muito mais vantagens.Reestruturamos nossas áreas e constituímos um grupo técnico e interdisciplinar para acompanhar, semanalmente, as questões envolvendo aquisição de gás, nominação e programação.

É importante ressaltar que o gás natural que estamos recebendo agora é também diversificado em sua origem: 46% do pré-sal, 26% do onshore baiano, 16% da Petrobras e 9% do pós-sal localizado no Sudeste. A participação de produtores onshoreindependentesbaianos está se tornando mais significativa em nosso portfólio, e esse número deve aumentar ainda mais no segundo semestre.

Em 2023, coma entrada de mais gás onshore edo Polo de Alagoas, a tendência é que o gás proveniente de campos terrestresseja aproximadamente 60% do volume.

DIREITOS – Qual foi o impacto do novo quadro de suprimento nas tarifas praticadas pela Bahiagás?

Luiz Gavazza– A perspectiva que tínhamos era de um aumento substancial do preço do gás se ficássemos com a Petrobras como principal fornecedor. Então, protegemos nossos usuários de um aumento que poderia chegar a 40%, e conseguimos manter os valores do contrato.

DIREITOS – Quais são os planos de expansão da empresa?

Luiz Gavazza– A ampliação do Plano de Investimentos da Bahiagás tem como uma das suas diretrizes a intensificação do movimento de interiorização. O Projeto Gás Sudoeste é o principal exemplo disso. Mas não o único. Outros nichos da economia baiana e outras regiões do estado estão nos planos da Companhia.

Municípios baianos com polos industriais avançados e com potencial de crescimento e atração de novos investimentos estão no radar da área de Planejamento da Companhia.Esses projetos que intensificam a interiorização do uso do gás natural estão sendo lapidados pela Diretoria da Bahiagás, para, em seguida, serem apresentado às instâncias superiores da Companhia.

Existe, também, a possibilidade de expansão das redes urbanas, principalmente em Salvador, atendendo hospitais e postos de combustíveis com o gás natural veicular (GNV). O GNV continua muito competitivo,seu consumo cresceu cerca de 20% em 2021, e esperamos um aumento semelhante em 2022.

DIREITOS – Como andam as obras do projeto Gás Sudoeste?

Luiz Gavazza– Nos próximos cinco anos, o carro-chefe será o projeto Gás Sudoeste, com o objetivo de, até 2025, chegarmos à cidade de Brumado. A obra já conta com mais de 60 km de dutos implantados, e vai impactar diretamente 15 cidades, impulsionando o desenvolvimento socioeconômico da região.

A Estação de Transferência de Custódia de Itagibá (ETC-Itagibá) foi concluída em outubro de 2021 e já está pronta para ser interligada ao Ponto de Entrega da TAG e ao Trecho I do Duto de Distribuição de Gás Natural do Sudoeste. Além disso, aBahiagás já tem contrato firmado com a TAG para a elaboração do Projeto Executivo para construção do Ponto de Entrega (City Gate).

Nossa expectativa é que,ainda neste ano, finalizaremos as obras do Trecho I e iniciaremos a construção da Estação de Distribuição (ED) em Jequié, que possibilitará a distribuição do gás natural para equipamentos da cidade.Além disso, iniciaremos as obras do Trecho II, da ED Maracás e do Ramal Vanádio-Maracás, que vai levar o energético à cidade e ao primeiro dos clientes âncoras do projeto, a mineradora Vanádio de Maracás.