Entrevista

Entrevista com o Professor Francisco de Assis Borges de Catelino.

DIREITOS – Qual a visão do senhor sobre as universidades brasileiras?
FABC – Nos últimos anos o ensino brasileiro sofreu dois processos simultâneos e interligados: crescimento e rebaixamento de padrão.

DIREITOS – Qual a visão do senhor sobre as universidades públicas?
FABC – A universidade se inclui no Plano Nacional, mas é, ao mesmo tempo, uma instância crítica do próprio plano, além de dever contribuir para sua elaboração e avaliação. Em síntese, a universidade é a única instituição que se insere no Estado e o transcende.

DIREITOS – Deve haver cobrança de mensalidades nas Instituições Públicas?
FABC – Não, as universidades custeadas com recursos estatais são e devem continuar sendo instituições públicas. O ensino público, gratuito e de boa qualidade é aquele que se requer como prioritário para atender à situação concreta da maioria do povo brasileiro. A solicitação de recursos públicos pelas universidades, sem dúvida deve ser presidida pelo mais alto sentido de responsabilidade social. Por outro lado, não se pode admitir que o Estado asfixie e inviabilize a universidade, privando-a dos recursos necessários e invocando prioridades distorcidas. Dessa forma, o Estado estará violentando uma necessidade social, a universidade, e por isso, desrespeitando. a sociedade de que o Estado é instrumento.

DIREITOS – Muitas Universidades Públicas do Nordeste têm Residências Universitárias, como o Senhor entende?
FABC – As casas de Estudantes Universitários caracterizam-se no âmbito das Universidades nordestinas, pelos seguintes aspectos:
a) Não expansão do numero de vagas apesar do crescimento da demanda.
b) Funcionamento, na maioria dos casos, em prédios comuns, não projetados especificamente para abrigar grandes grupos.
c) Manutenção de instalações e equipamentos sob inteira responsabilidade das universidades, predominantemente as custas de recursos orçamentais próprios.
d) Administração das casas dividida, da forma pouco clara, entre os residentes e a administração central das universidades (através das pró-reitorias específicas).
e) Clientela de estudante carentes, oriundos da zona rural dos respectivos e de outros estados.
f) Clientela dividida por sexo, havendo residências para moças e rapazes.
g) dependência estrita da clientela em relação aos Restaurantes Universitários, que se constituem na única opção para alimentação e portanto assumem papel vital no que diz respeito às chances do residente concluir seu curso de graduação.

DIREITOS – Como o senhor vê as Faculdades Privadas?
FABC – Houve um crescimento muito grande das faculdades privadas, como também abertura de cursos de pouca absorção no mercado. Essa forma tem levado algumas faculdades a situações difíceis, como também a graduação de jovens em determinados cursos, cria dificuldades para contratação do aluno pelo mercado de trabalho.
As faculdades privadas, geralmente recebem alunos tipo C e D, o que dificulta o seu bom desempenho acadêmico e o bom andamento do curso.

DIREITOS – Qual deveria ser o papel do Governo neste caso?
FABC – O governo deveria priorizar o ensino fundamental, oferecendo boas escolas, modernas instalações, bons professores, com capacitação para levar ao aluno um conhecimento didático de qualidade, como também acompanhar o crescimento na área da informática. Geralmente o aluno do ensino fundamental da área pública não é bem preparado, o que dificulta em sua aprovação nos vestibulares das faculdades públicas, tendo estes que recorrerem para as faculdades privadas, ficando sempre dependentes de créditos educativos promovidos pelo Governo, quando não conseguem tendem abandonar o curso antes da conclusão o que gera um grande prejuízo para o aluno, a faculdade e o Governo.
Conclusão – Ao governo cabe a diligencia no sentido da obtenção de recursos para a concretização desta política, pois a assistência ao estudante se reveste de importância impar para o desenvolvimento do país.

Francisco de Assis Borges Catelino, Advogado, graduado pela Universidade Federal da Bahia, desenvolve atividades acadêmica a mais de 35 anos, passou pela UFBA onde foi Superintendente Estudantil, Assessor de diversos Reitores, Governo do Estado Assessor Chefe da SEFAZ, Prefeitura Municipal de Salvador Diretor Administrativo e Financeiro da Secretaria de Comunicação Social. Assessora varias Faculdades privadas, Membro efetivo e diretor do Instituto dos Advogados da Bahia, membro do conselho fiscal do Hospital Espanhol, e Assessoramento a diversas empresas privadas.