Entrevista

Engenheiro Saulo Pontes de Souza, superintendente do DNIT na Bahia.

O entrevistado desta edição do JORNAL DIREITOS é o Superintendente do DNIT na Bahia, engenheiro Saulo Pontes de Souza, que é considerado como um dos mais competentes engenheiro rodoviário do Estado. Ele que está no cargo desde o inicio de 2006, nos fala das principais ações que vem desenvolvendo neste órgão, especialmente da construção das duas pontes sobre o Rio São Francisco e da Via Expressa Portuária.
Fala também das obras da ferrovia Ilhéus-Tocantins, bem como da questão da duplicação da BR 415, obras que impulsionarão o desenvolvimento da Bahia.

Duas pontes concluídas recentemente tem significado especial para os baianos. As duas sobre o São Francisco, rio que simboliza a bravura do sertanista, ficam na divisa da Bahia com os vizinhos Pernambuco e Minas Gerais.

No nordeste do estado está a ponte de Ibó, na divisa com Pernambuco. Motivo de polêmicas ao longo dos anos que marcaram sua construção a ponte finalmente está concluída e liberada para veículos. É parte da BR-116 e está localizada no distrito de Ibó, que pertence ao município de Abaré. A região, hoje bem menos violenta, passou por momentos tensos. Localizada no “Polígono
da Maconha”, foi palco de manifestações de moradores e balsistas, que alegavam que a implantação da ponte extinguiria os empregos oriundos das embarcações que faziam o transporte dos veículos. “Famílias inteiras perderão seu sustento”, era a alegação. Por outro lado havia os que defendiam a construção da ponte, com o argumento de que o movimento da rodovia implementaria o comércio local. O fato é que tudo isso gerou atraso nas obras e muita discussão. Para piorar, criminosos, geralmente ligados ao tráfico de drogas, aproveitavam a balburdia e praticavam assaltos contra os que passavam pelo trecho.

Mais de 17 anos depois do início dos tramites para a construção da ponte ela está definitivamente liberada. O superintendente do DNIT na Bahia, Saulo Pontes, explica que entre vários benefícios ela é uma encurtadora de distância: “Apesar da pequena extensão de 318 metros, aproveita um canyon do São Francisco, ela encurta bastante o percurso entre o sul/sudeste e Fortaleza. Antes, chegava-se a Feira de Santana e tinha que pegar a BR-407, passando por Juazeiro e Petrolina. Agora, indo pela BR-116 a viagem é 155 quilômetros mais curta”.

Atendendo reivindicações da comunidade, outros serviços estão sendo realizados com a finalidade de garantir o conforto e segurança da população que vive às margens da rodovia em que a ponte está inserida. Através do exército e com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, estão sendo construídas ruas laterais, passeios, implantação de “gradis” e iluminação.

No sudoeste baiano estão Carinhanha e Malhada, dois municípios que fazem divisa com Minas Gerais. Entre eles está o rio São Francisco.
Uma ponte começou a ser construída há mais de 15 anos para ligá-los.

Os acessos das duas cidades à ponte, assim como o contorno rodoviário do município de Carinhanha complementam a construção da ponte e já receberam ordem de início. As obras estão sendo executadas e o DNIT espera concluir até o final do ano.

O engenheiro também declarou que as Rodovias estruturantes do estado baiano serão contempladas com investimentos em restauração através do “Creminha”. Ouseja, com um investimento superior a R$ 630 milhões o DNIT irá recuperar 3.400 km de rodovias federais na Bahia. As licitações foram concluídas no final do ano passado. As empresas vencedoras devem realizar obras de restauração rodoviária e garantir sua manutenção por dois anos, contando a partir da ordem de início.

Os exatos 3.424,20 km foram divididos em 27 lotes, que representam cerca de 69% da malha rodoviária federal pavimentada na Bahia. As principais rodovias estruturantes serão contempladas. De acordo com Saulo Pontes é um projeto de restauração funcional. “Vamos atingir as principais rodovias da Bahia”, explica. Segundo ele a segunda etapa do projeto, CREMA (Contrato de Reabilitação e Manutenção de Rodovias), aí sim de recuperação estrutural, pois atingirá as camadas inferiores da pista, está em fase de elaboração.

A Via Expressa facilitará o acesso de veículos de carga ao Porto de Salvador, possibilitando que o trajeto na cidade seja o menor possível e se desenvolva com maior segurança. Essa facilidade fará com que seja mais barato e rápido o transporte de carga ao Porto, promovendo condições para um aumento de produtividade e assegurando um futuro investimento de ampliação do porto.

O trajeto passará de 7.497 m para 4.297 m, uma redução de 3.200 m (aproximadamente 43% de redução).
A Via Expressa Portuária é uma parceria entre os governos estadual e federal. A previsão inicial era de que se gastasse cerca de R$ 380 milhões, sendo R$ 340 milhões através do Programa de Aceleração do Crescimento e R$ 40 milhões do governo do Estado. “Com o processo licitatório encerrado houve um deságio de 21%.”, conta Saulo Pontes. A empresa vencedora da licitação já mobilizou equipamentos e canteiros de obra.

Como a via está tomada por construções uma alternativa para minimizar as desapropriações foi elevar a pista. Assim serão 3.600 metros lineares, entre viadutos, elevados e túneis.

O contrato tem vigência de 24 meses, contudo a vontade, tanto do DNIT quanto do governo estadual, é de concluir antes do prazo.

O processo de estudos de viabilidade Técnica Econômica e Ambiental da BR- 415 iniciada em 25/02/09 encontra-se aguardando definições relativa a acessibilidade do novo aeroporto e porto de Ilhéus, que está sendo elaborado pelo Governo do Estado, para que se tenha um sistema viário harmônico, declarou Saulo Pontes.

Ainda segundo Saulo Pontes, as obras da ferrovia Ilhéus – Tocantins, serão iniciadas em novembro, após a Licitação que deve acontecer nos próximos dias através da VALEC. A mesma é fruto de muita discussão de elementos fundamentais que devem ser levados em consideração como, a reserva indígena, rampas, entre outros detalhes técnicos a considerar, pois será de suma importância para a economia da região, gerando cerca de 30 mil empregos diretos além do escoamento de toda a produção agrícola regional, redução de custos de transporte de insumos e diversos produtos, aumentando a competitividade dos produtos, possibilidades de novos pólos agroindustriais e de exploração de minérios. Podemos afirmar que após a sua conclusão se consolida uma nova etapa de desenvolvimento para o nosso Estado.

Saulo Pontes por conta do bom trabalho que realizou quando dirigiu o DERBA e foi responsável por diversas obras no Sul da Bahia, bem como pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo agora no DNIT tem seu nome cogitado por diversos segmentos sociais – inclusive os meios de comunicação – como candidato sempre que as eleições se aproximam e, quando indagado sobre uma provável candidatura, responde: “Quanto à candidatura não existe a possibilidade, pois tenho verdadeira obsessão pela engenharia e devemos fazer aquilo que realizamos com prazer, gosto de administrar principalmente os desafios, aliás, tenho uma frase que elaborei no tempo de universitário e que pratico até hoje: ‘Dificuldades, longe de constituírem barreiras devem ser encaradas sob o ângulo do desafio, na busca persistente de sua superação’”.
Um dia quando me aposentar da engenharia e se for da vontade de Deus posso trabalhar por minha região numa posição que esteja ao nosso alcance, emenda o superintendente.