Entrevista

Entrevista com José Marcello Monteiro Gurgel, advogado, professor e coordenador de Direito na Faculdade Unyahana de Salvador-Ba

ADVOGADO, PROFESSOR E COORDENADOR DO CURSO DE DIREITO DA FACULDADE UNYAHANA DE SALVADOR – BAHIA

Direitos – Qual a diferença entre o Advogado e o Professor José Marcello Monteiro Gurgel?

MG – Mais conhecido como Marcello Gurgel [risos]… Assim sou conhecido depois que resolvi assinar como J. Marcello M. Gurgel. Diferença?
Não sei se, de fato, é uma diferença, mas no exercício da docência tenho que apresentar todo o arcabouço teórico aos alunos, já na advocacia escolho a melhor aplicação prática em razão do problema apresentado, creio que a semelhança seja mais fácil de responder.
Afinal, o professor precisa despertar a curiosidade dos seus alunos e, assim, conseguirá dos discentes a vontade de aprender, mas, para tanto, necessitará conquistar sua confiança. E só conquistará tal confiança se demonstrar conhecimento e seriedade. Tal situação serve no exercício da advocacia, posto absolutamente necessária a conquista da confiança do cliente, que só lhe creditará naquelas mesmas circunstâncias: conhecimento e seriedade.

Direitos – O senhor é graduado pela Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre em Direito Político e Econômico também pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, hoje é o Coordenador do Curso de Direito da UNYAHNA – Salvador, e  professor de Direito Público da UNYAHNA – Salvador e da FIB. Os títulos auxiliam na advocacia e na docência?

MG – Título não é sinônimo de competência advocatícia ou acadêmica.
O título de mestre não me confere qualquer outro atributo; o título, em minha opinião, se torna quadro pendurado na parede. É realização pessoal e me orgulho dele, tanto o é que fica pendurado lá e ainda quero cursar o doutorado…. Mas bom advogado? Terá que perguntar aos meus clientes… Bom professor? Terá que perguntar aos meus alunos… Ser competente é algo maior!
Dependerá de atributos natos e outros conquistados mediante muito estudo e esforço, ambos, ressalte-se, contínuos.
E de uma boa dose de sorte também, devo confessar.

Direitos – Sorte? O que significaria “sorte” nessa conjuntura?

MG – Minha família me auxiliou em todos os momentos da minha vida, minha esposa, namorada já à época do Mackenzie, idem. Também no Mackenzie conheci meus dois grandes mestres e mentores; os Professores Jorge Miguel e Edvaldo Brito, eles não tinham qualquer motivo para me ajudar com conselhos, estágios e trabalho, ainda assim o fizeram, e em parte me ajudam até hoje. O mesmo diria dos Professores Geraldo Facó Vidigal e Geraldo de Camargo Vidigal, da USP, ambos mentores e parceiros na advocacia em São Paulo, ou José Milton Miranda, mentor e parceiro na advocacia em Salvador. A lista é longa, me sinto ‘devedor’ de muita gente…

Direitos – E credor?

MG – Hoje tenho condições de ajudar sim, e sempre que possível o faço, mas não tenho pretensão de cobrar nada. Essa construção de laços de amizade ou paternais não são passíveis de execução! [risos…]. Portanto, não sou credor. Auxiliar um aluno, um jovem advogado ou professor, quando possível, me faz bem. Tenho certeza de que os meus mentores ajudaram outras pessoas antes de mim e tantas além e acho que fizeram tudo isso porque algum dia foram ajudados. Hoje, então, faço o mesmo, sigo o exemplo. Presto auxílio sempre que possível, sem pensar em ganhar algo em troca. Já ganhei! Lá no início! Agora só depende de mim. E como disse o Professor Edvaldo Brito ‘o Dr. Marcello Gurgel não tem mais o direito de errar’!

Direitos – O Professor Edvaldo Brito te disse isso?

MG – Sim [pensativo]. Logo que me formei e cheguei em Salvador, há tempos… Foi na primeira reunião do escritório, no auditório, jamais vou esquecer. Como tantas outras palavras, de todas essas pessoas. Lembro, por exemplo, do Professor Jorge Miguel, quando nem tínhamos muito contato, que me respondeu depois de um “debate” em sala de aula “Dr. Marcello essa é a primeira de várias outras injustiças que você verá na vida, que bom que já começou a testemunhá-las no início da faculdade de direito” [sorri]. Sou realmente devedor de muita gente…

Direitos – Percebe-se grande influência de professores na formação da sua carreira, decidiu ser professor já àquela época, na faculdade?

MG – Não, só após a faculdade ouvi “o chamado”. A docência é um vício, não consigo me imaginar fora da sala de aula. A seriedade implica encarar a docência como um dever e jamais
como um “hobbie”. Um professor sério não finge que ensina e não permite que seus alunos finjam que aprendem. Ele deve servir de exemplo, inclusive, de conduta. Suas reações serão sempre observadas, suas colocações ou críticas sempre analisadas, pontualidade, assiduidade, empenho, metodologia, etc.

Direitos – E a Coordenação do Curso de Direito, qual o desafio?

MG – O convite da UNYAHNA aqui em Salvador foi maravilhoso. Os dois coordenadores que me antecederam são amigos e colegas que muito respeito, Sueli Custódio e Henrique Galvão, e meu trabalho é justamente dar continuidade na colheita do que já foi plantado. A UNYAHNA é conhecida por ter um curso de direito da mais alta excelência, os professores sempre foram o destaque do Instituto, e a proximidade dos alunos com esse corpo docente é um diferencial.

Direitos – Orgulho e satisfação na coordenação do cruso de direito?

MG – Não poderia ser diferente.
A UNYAHNA me concedeu a honra de coordenar um curso de direito sério.
Temos uma grade curricular invejável, disciplinas de 36 ou 72 horas devidamente distribuídas, nosso colegiado de professores é um órgão amplamente democrático, composto por todos os professores do curso, certificamos cursos de pós-graduação em Salvador, exigimos conhecimentos específicos dos professores para ministrarem as matérias no curso de direito, núcleo de monografia muito bem organizado, prática jurídica de altíssima qualidade, tanto o é que a aprovação na OAB é muito boa e o acolhimento no mercado de trabalho idem. Não por outra razão os alunos se orgulham da UNYAHNA, bem como os professores. É muito bom
ouvir dos professores que na UNYAHNA eles são tratados como verdadeiros professores!

MG – Desenvolvimento da nossa revista jurídica, reestruturação do trabalho de conclusão de curso, desenvolvimento dos núcleos de pesquisa, e novos convênios, bem como o aprimoramento dos procedimentos adminstrativos e acadêmicos, ou mesmo das condições e aperfeiçoamento metodológico dos professores. A UNYAHNA é instituição de ensino jurídico sério e trata o aprendizado jurídico de forma séria, ciente das responsabilidades e do seu papel social.

DIREITOS – E por falar em revista jurídica, o que o senhor achou do lançamento da Direitos a 1ª Revista Jurídica da Bahia?

MG – É necessário felicitar todos os envolvidos no projeto, pois a DIREITOS representa espaço regional digno e respeitável para divulgação das pesquisas e debates necessários à ciência jurídica.