Entrevista

Entrevista com Lenildo Santana, prefeito de Ibicaraí

Após dois anos de administração do município de Ibicaraí, o prefeito Lenildo Santana em uma rápida entrevista ao jornal A Notícia, esclarece dúvidas dos anseios dos munícipes em relação à Fábrica de Chocolate, cemitério, aterro sanitário,
casas populares, ginásio de esportes e creche modelo.
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Jornal Direitos – Apesar de ser a primeira Fábrica de Chocolate da Agricultura Familiar do Brasil, o que realmente o município ganha com isso?

Lenildo Santana – Primeiro você ganha um olhar diferente do Governo do Estado e do Governo Federal sobre o município, pela inovação da industrialização do cacau, pelo fato de ser um trabalho tão divulgado e esperado ao longo de mais de cem anos, e que agora se concretiza nesta gestão através do Governo do Estado e do Governo Municipal. Então esse é um ganho muito importante, já que seremos vistos como pioneiros no processo de desenvolvimento econômico do cacau. Segundo, os produtores de Ibicaraí, passam, no momento que essa fábrica está em funcionamento, a ter uma perspectiva econômica maior, porque além de produtor de cacau, ele será produtor de chocolate, com um retorno financeiro maior, porque hoje o quilo de cacau é comercializado em torno de seis reais, e o de chocolate pronto deverá ser vendido pela fábrica entre quarenta a cinquenta reais o quilo, a diferença é muito grande, isso vai gerar mais dividendos econômicos e mais renda para o município.

JD- Como funcionará essa fábrica?

LS – É uma fábrica construída em forma de cooperativismo através da Coafba, que está sediada na cidade de Coaraci, e que em reunião com o Governo do Estado, a Ceplac e a Prefeitura de Ibicaraí, ficou decidido da abertura do quadro societário da fábrica para os produtores das cidades de Ibicaraí, Coaraci, Almadina, Barro Preto, Floresta Azul e Itapitanga para fornecerem o cacau para o processamento da fábrica, que tem na gerência administrativa a vice-presidente da Coafba, Sonoelane Anunciação Silva e Aluysio Lemos, engenheiro de alimentos e operários. Também foi criado por indicação do Secretário de Agricultura do Estado, Edmon Lucas, um conselho consultivo composto por Sebrae, Banco do Nordeste, Uesc, Ebda, Prefeitura de Ibicaraí, Coafba e Governo do Estado, que se reunirão constantemente para debater, discutir e dar o direcionamento das ações administrativas, financeiras e industrial da fábrica.

JD – Os problemas encontrados em Ibicaraí pela sua administração são muitos, mas com certeza a construção de um novo cemitério é o maior deles. O senhor pretende fazer um novo cemitério? Quando e onde?

LS – O cemitério realmente é um grande problema, porém não o maior de todos. O maior problema nosso e de outros gestores na atualidade é a inclusão social. Nós temos pessoas que ainda estão vivendo em condições de extrema pobreza, habitando em locais não habitáveis, esses são os problemas que temos como principais desafios a serem enfrentados. O cemitério é um problema grave, que repercute na saúde pública, mas de certa forma nós temos conseguido administrar e resolver isso, porém já solicitamos ao IMA, o estudo e a viabilidade econômica de algumas áreas para que possamos construir um novo cemitério para Ibicaraí. Existem duas areas aprovadas e estamos tentando adquirir uma delas, porém sabemos que isso pode demorar um pouco pela falta de recursos financeiros da prefeitura, mas que é uma questão que teremos de enfrentar de qualquer forma.

JD – Ibicaraí foi notícia no cenário nacional, com denúncias feitas sobre o descaso do lixão do nosso município. Sabemos que esse problema já se arrasta por várias administrações. Existe algum projeto para a implantação de um novo aterro sanitário?

LS – Essa denúncia foi feita por pessoas que só passou a enxergar o problema agora na nossa gestão. É importante que as pessoas saibam que o nosso governo tem esse papel também, de fazer com que as pessoas que conviveram e que geriram o processo do lixo, que ocultaram e que jogaram o lixo para debaixo do tapete, não viram isso antes e que só agora estão vendo no nosso governo, porque nós permitimos de forma democrática a crítica e a censura. Temos consciência que o lixão é um problema grave, que já vem agredindo o meio ambiente e a população das proximidades há mais de quinze anos; temos consciência que é um problema que trás uma série de transtornos para o município, porém a prefeitura não tem condições de arcar sozinha com esses gastos, por se tratar de um investimento de mais de dois milhões de reais. Já estivemos com o Governo do Estado e firmamos um termo de consórcio com a Amurc, para que sejam viabilizados os estudos e o projeto para construção de um aterro sanitário de acordo com a nova política nacional de resíduos sólidos, onde os municípios passam a ter um prazo de quatro anos para resolverem as questões dos lixões espalhados pelo território brasileiro. O Governo Federal e o Governo do Estado têm consciência que as prefeituras não têm condições de resolverem sozinhos os problemas dos lixos, então assumiram para si a responsabilidade de gerir esses aterros sanitários, e foi firmado junto às prefeituras, um termo de cooperação técnica e disponibilizado uma verba na ordem de cento e oitenta mil reais para que seja feito os estudos e a viabilidade de criação de um aterro sanitário que atenda as cidades de Ibicaraí, Floresta Azul, Barro Preto e Itapé. Temos fé que em 2011 já estejamos discutindo isso com um novo olhar e com avanços concretos nessa questão dos lixões.

JD – 72 casas no Cajueiro; 50 no bairro Duque de Caxias e a promessa de mais 60 em um terreno localizado no bairro Sempre Viva (atrás da Fábrica de Chocolate). Essas casas serão entregues quando?

LS – Não são promessas, é realidade! Porque todas elas já foram contratadas. Cajueiro está
em fase final de execução de 72 casas; estamos em fase de liberação de recursos, provavelmente em janeiro, para serem construídas mais 60
casas próximas à Fábrica de Chocolate, e mais 50 do bairro Duque de Caxias estarão sendo concluídas agora no início de 2011. Acredito que no fim do primeiro semestre deste ano estaremos entregando as do Cajueiro e do Duque de Caxias.

JD – Existe verba para a reforma do Ginásio de Esportes? Quando terá início essa reforma?

LS – É preciso deixar claro para as pessoas que o Ginásio de Esportes de Ibicaraí é de responsabilidade do Estado e não do município, uma vez que o ginásio é uma obra estadual. Quando eu assumi a prefeitura eu tive a consciência de
procurar as autoridades estaduais e verificar a documentação e conscientizá-los das obrigações em relação ao ginásio. Conseguimos através do Senador João Durval, um recurso na ordem de 300 mil para que seja feito a reforma do ginásio e direcionamos esse recurso a Secretaria de Trabalho Emprego e Renda (SETRE), junto com a Sudesb que estão elaborando o projeto
e concluindo a documentação para a responsabilidade do Estado, já que o ginásio nunca foi documentado.

JD – Muito se comenta na construção de uma Creche Modelo atrás do Ginásio de Esportes, já foi feita até serviço de terraplanagem. Quando terá início as obras? Qual o prazo previsto para o término das obras?

LS – Estaremos iniciando as obras no inicio de 2011, o prazo de conclusão é de seis a oito meses. No início tivemos dificuldades na terraplanagem por falta de equipamentos adequados e que não são disponíveis na região mas já estamos
aquardando a construtora que agora no início de 2011 estará iniciando a obra.

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Trechos da entrevista concedida ao jornal A Notícia, edição 25