Entrevista

Entrevista com o Professor e Administrador Antônio Costa

Há dois meses o professor e administrador Antonio Costa deixou o cargo de Presidente da Fundação de Atenção à Saúde de Itabuna (FASI) entidade mantenedora do Hospital de Base Luiz Eduardo Magalhães de Itabuna. Ele saiu mais deixou um relatório de como foi utilizado os recursos do hospital, verbas e o atendimento ao município de Itabuna e aos municípios circunvizinhos. Nesta entrevista, concedida ao Jornal Direitos, o professor e administrador Antonio Costa diz que são necessários 3 milhões de reais mês para o pleno funcionamento daquela unidade hospitalar. Ele também relata que existem muitas deficiências, interferências, assédios e ameaças, funcionários blindados e intocáveis. Situações que não podem ser resolvidas simplesmente porque o diretor quer.

Direitos – Ser diretor de um Hospital de Base é um cargo muito importante e exige grande responsabilidade social. Na época, a indicação sua para ocupar o cargo foi política ou por competência?

Antônio Costa – Não foi por indicação política, acredito que deva ter sido em virtude do meu passado junto às instituições: CEPLAC, Delegacia Federal da Agricultura, SENAR, UESC como professor e FTC como diretor geral.

Direitos – O hospital de Base tem recebido apoio dos governos Estadual e Federal, ou seja, das autoridades competentes?

AC – O Hospital de Base Luis Eduardo Magalhães é um equipamento hospitalar municipal de grande porte, com características regional de imensurável importância, com atendimento exclusivamente SUS, que infelizmente ao longo de sua existência não tem recebido a importância devida por parte das autoridades competentes.

Direitos – Quantos municípios são beneficiados com o Hospital de Base de Itabuna?

AC – Além dos munícipes de Itabuna atende a 121 outros municípios constantes da Programação Pactuada e Integrante do Estado da Bahia.

Direitos – Qual a principal fonte de receita do HBLEM?

AC – A principal fonte de receita do HBLEM vem do Ministério da Saúde – repasse SUS via Secretaria da Saúde do Estado da Bahia no valor mensal conforme contrato de R$ 1.500.000,00 -; em situação inconstante, de recursos oriundos do Município de Itabuna, de recursos objeto do aluguel da cantina e doações em material mediante pedidos à comunidade civil organizada de Itabuna. A Prefeitura mensalmente se responsabiliza diretamente pelo pagamento de água, luz e telefone.

Direitos – Um milhão é pouco, dois milhões são ótimos para suprir as necessidades administrativas do hospital?

AC – Não, a receita é insuficiente. Um hospital desta natureza, para atender com dignidade a população demandante, necessita de uma receita mensal nunca inferior a R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais).

Direitos – Qual é a urgência prioritária do Hospital: o maior do Sul da Bahia?

AC – Uma reforma total e aquisição dos equipamentos hospitalares. O que existem são equipamentos velhos, sucateados, desgastados pelo tempo de uso, infraestrutura deficiente como deficiente é a sua manutenção por falta de capacidade financeira. Faltam recursos financeiros para modernizar sua estrutura como um todo.

Direitos – Na prestação de contas que o senhor apresentou, durante sua gestão, quais os repasses recebidos?

AC – A bem da verdade, de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2010 o HBLEM recebeu:

Repasse SUS via SESAB
R$ 16.500.000,00 *
Repasse SUS via SESAB
(alta complexidade)
R$ 210.386,04
TOTAL SUS via SESAB
R$ 16.710.386,04 **
Média mensal do recebido
no período
R$ 1.392.532,17 **

Não fora problema ocorrido a nível ministerial ter-seia recebido de repasse SUS via SESAB no período R$ 18.000.000,00 (dezoito milhões de reais). Repasse efetuado pela Secretaria Municipal de Saúde de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2010……….R$ 1.900.000,00
Média mensal….R$ 158.333,33

Prestação de serviço ao Município pelo HBLEM .. R$ 293.323,62 ***(deveria no mínimo ter sido R$ 420.000,00 – média de 35.000,00/mês).
*** A prestação de serviço refere-se a remuneração na tabela SUS ao HBLEM por serviços ao município (exames) a pacientes encaminhados pelos Postos de Saúde. Portanto, onera o hospital, pois, sabe-se que a tabela SUS remunera apenas 1/3 (um terço) da despesa efetivamente realizada.
A rigor a média da receita mensal recebida pelo HBLEM de 1 de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2010 foi de R$ 1.550.865,50.

Direitos – Quais foram os resultados alcançados no período 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2010?

AC – AC – Mesmo com a deficiência de recursos financeiros consegui-se no período janeiro/dezembro 2010 realizar o seguinte:

Pacientes Internados 6.461
Altas 5.877
Óbitos 594
Cirurgias 3.939
Emergência 3.133
Eletiva 806
Anestesias 4.005
Análises Clínicas 25.938
Exames Radiológicos 16.067
Ultrassonografia 3.022
Eletrocardiograma 1.790
Eletroencefalograma 658
Endoscopia 1.001
Colonoscopia 395
Anatomia 304
Fisioterapia 2.485
Ecocardiografia transtorácica 1.553
Adm. de Medicamentos 53.683
Ortopedia 349
Consultas Médicas 73.072
Consulta P S 40.001
Consulta Ambulatório 22.769
Consulta Psiquiatria 10.302
Refeições fornecidas pela Nutrição 220.835
Café da manhã e lanches p/ pacientes 55.643

Direitos – Em termos de percentuais: o maior número de pacientes atendidos foram os de Itabuna ou de outras cidades?

AC – Em 2010, posso afirmar: 45,2% dos pacientes atendidos foram de Itabuna e 54,8% de outros municípios. Esses dados por si só confirmam a importância da instituição para Itabuna e região.

Direitos – Os resultados alcançados com recursos oriundos de repasse da Prefeitura/Secretaria Municipal da Saúde? Quais os procedimentos que o senhor apresentou no seu relatório?

AC – Os procedimentos foram os seguintes:

Procedimentos
Quantidade
Valor
Análises Clínicas
18.135
108.675,40
Exames Radiológicos
10.064
84.080,81
Escanometria
62
481,74
Ultrassonografia
1.996
31.046,40
Eletrocardiograma
3.293
16.958,95
Eletroencefalograma
803
20.075,00
Esofagastroduodenoscopia
1.758
84.665,28
Colonoscopia
367
41.346,22
Ecocardiografia transtorácica
917
36.624,98
Consultas Médicas
01
10,00
Atendimento de Urgência
03
33,00
TOTAL DE PROCEDIMENTOS
37.399
423.964,78
Média/mês
3.116
35.330,39

Direitos – O problema do Hospital de Base não é administrativo, é o financeiro e influências políticas partidárias?

AC – No Hospital existem deficiências, existem falhas, existem interferências, assédios e ameaças, funcionários blindados e intocáveis, mas, devemos aprender a olhar também os resultados alcançados com todas as deficiências e dificuldades. Quantos pacientes foram internados no ano de 2010, quantos receberam alta, quantas cirurgias foram executadas, quantas análises clínicas, quantas consultas médicas etc. Todos devem ter humildade e os mesmos objetivos independentemente de corpartidária, não existe lugar para inimizades ou desavenças pessoais. O partido de quem trabalha com a saúde é a saúde e bem estar da população. Saúde é direito de todos e dever do Estado.