Entrevista

Entrevista com Dr. EdmiLton Carneiro,advogado e candidato a presidenteda OAB – Subseção de itabuna-Bahiapara o triênio 2016 – 2018.

DIREITOS – como você se define?

Edmilton Carneiro – Sou um homem simples, nascido no sertão, no Povoado de São Domingos, em Valente, Região sisaleira. Amo a vida, sei ser amigo, procuro ser prestativo. Aprendi isto com a minha família, ser amigo e trabalhador. Meu pai e minha mãe eram rurícolas, pessoas e trabalhadoras. Cresci num ambiente humilde, mas honesto. Estudava em Valente e para isso andava seis quilômetros para chegar à escola e outros seis no retorno ao lar. Estudava à noite à luz de candeeiro. Aos nove anos fui para Campo Formoso, área de garimpo e algumas indústrias. Fiquei ali até os 23 anos. Precisei sair de perto da minha família para tentar alcançar os meus sonhos. Aportei em Itabuna e aqui aprendi a amar esta cidade, o seu povo. Trabalhei na Ford com José Oduque Teixeira, para quem advogado ainda hoje, e José Soares Pinheiro. Homens corretos, inteligentes e excelentes administradores, com os quais aprendi grandes lições que levo comigo. Aqui estudei Direito. Aqui me tornei um Advogado e amo demais esta profissão. Em Itabuna estão as minhas bases. Minha família, meus três fi lhos são daqui. Não há dúvidas que hoje eu sou um Itabunense. A advocacia tem um segredo: nela você cuida do próximo, das suas aflições, dos seus problemas. O Advogado é a última “tábua de salvação” para quem já esgotou todas as possibilidades.

É certo que vivemos no meio dos conflitos. É preciso ter uma preparação para não deixar- -se envolver pela a emoção muito comum nesses casos. A advocacia é a minha vida. Claro que enfrentamos problemas, batalhas, greves, mas a advocacia enobrece o ser humano.

DIREITOS – Aproveitando, já que a advocacia é a sua vida, como foram estes três anos em que você atuou como Conselheiro da OAB/BA?

Edmilton Carneiro – Este período foi marcante para mim, não apenas no aspecto da profi ssão, mas também foi enriquecedor no aprendizado de vida. Em 3 anos representando a minha categoria profi ssional no Conselho da OAB/ BA pude compreender que somos muito mais do que um escritório e salas de audiência. Pude ver o respeito que é dirigido à instituição OAB, como é importante lutar, dedicar parte de meu tempo e de minha vida para defender a nossa classe. Vi embates grandiosos em favor da advocacia. A OAB/BA capitaneada por seu presidente Dr. Luiz Viana Queiroz, sempre esteve na linha de frente da defesa dos interesses dos advogados e dos cidadãos. A OAB/BA sempre foi respeitada nacionalmente, mas nestes últimos três anos a projeção foi ainda maior. Podemos destacar algumas destas lutas e embates: a defesa dos interesses dos advogados nas diversas greves e paralisações, onde, entendendo e respeitando a justa luta daqueles que buscavam os seus direitos, sempre buscamos que os interesses dos advogados na sua atuação profissional e de seus clientes fossem respeitados; discutimos e aprovamos no Conselho o novo piso salário para os advogados; discutimos e aprovamos a Nova Tabela de Honorários Profissionais, combatendo o aviltamento da profissão; lutamos pelo fortalecimento da OAB Jovem, para que o novo advogado, ao ingressar no mercado de trabalho, não estivesse tão desamparado; reduzirmos o valor da anuidade para os advogados que tenham até cinco anos; lutamos pelo respeito e conquista da Mulher Advogada, que a cada dia tem assumido mais e mais o seu espaço na profissão; criamos uma procuradoria das prerrogativas, para intentar toda e qualquer ação a favor do advogado quando seus direitos são violados, lutamos pela proteção e respeito ao Advogado com mais tempo de estrada (Advogado Senior); discutimos e lutamos contra os aumentos excessivos de IPTU em Itabuna, Ilhéus e Salvador; participamos de algo nunca visto antes, o fortalecimento da advocacia do interior, novas sedes reformadas, construídas e adquiridas, a “interiorização” da OAB foi observada em cada um destes três anos. Foram muitas outras conquistas e muito ainda há pra fazer. Por isso, estamos ao lado deste projeto para continuar a luta.

DIREITOS – Neste particular, o seu nome foi apresentado por colegas para a presidência da Subseção da OAB em Itabuna. Qual foi a sua decisão?

Edmilton Carneiro – Realmente, fomos procurados por muitos colegas que buscavam uma chapa de consenso para a OAB local, isto muito nos honrou e conversamos com estes colegas que ponderavam a necessidade de uma renovação na Subseção de Itabuna. A alternância administrativa é fundamente em qualquer instituição, lutamos muito num passado recente contra o encastelamento e a mesmice. Alternar é o principio maior na democracia.

DIREITOS – Sendo assim, quais seriam os projetos prioritários para a OAB de Itabuna?

Edmilton Carneiro – OAB Mais Jovem. O jovem advogado ingressa no mercado sem apoio, sem uma base, sem uma direção. A OAB tem a obrigação de prestar este apoio ao jovem advogado, promovendo cursos, orientando profissionalmente, promovendo a sua integração ao corpo de advogados. Advogado Sênior. É outra grande preocupação nossa. O advogado sênior muitas vezes não está familiarizado com as novas tecnologias, as inovações de processo judicial eletrônico e seus diversos sistemas (PJe, Projudi, e- -SAJ, e-Proc). Precisamos oferecer a tais profissionais a condição de permanecer em atividade, ofertando aos mesmos não o ensino, mas a condição de atuar. É preciso colocar na sede da OAB funcionários que cuidarão da digitalização dos documentos, da inserção de tais documentos nos sistemas, de forma que os profissionais possam atuar, ou melhor, permanecer em atividade. Se não cuidarmos de tais profissionais, aos poucos os mesmos serão excluídos do mercado, o que é uma perda para todos nós e a OAB tem o dever de se preocupar com todos.

l que você gostaria de dizer para os advogados?

Edmilton Carneiro – Vou direcionar minha mensagem para os Jovens Advogados, para dizer-lhes que tenham paciência e perseverança. A advocacia não é uma profissão que acontece de imediato, ainda mais quando o exercício da advocacia acontece na Bahia que, segundo dados do CNJ, é o Estado que apresenta os piores índices de celeridade e produção, em um universo de cerca de 1,6 milhões de processos, dos quais 86% estão parados. Assim, devemos ter Paixão, Coragem e Esperança. Paixão pelo que fazemos, Coragem, para dizer o é preciso ser dito e Esperança em um futuro melhor para os advogados, para a advocacia e para a sociedade de um modo geral.