Entrevista

A entrevistada dessa edição é a psicóloga e colunista do jornal DIREITOS, onde assina a coluna Divã, Carlineia Lima dos Santos.

DIREITOS – Em que data é comemorada o dia do psicólogo e qual a importância histórica da mesma?
Carlineia Lima – O dia do psicólogo é comemorado no dia 27 de agosto, sendo essa uma data que representa um importante marco na história da psicologia no Brasil, pois foi quando ocorreu a promulgação da Lei n. 4119, regularizando assim a formação e a profissão no país. Comemora-se o fim da luta travada, principalmente na década de 1950, por profissionais de diversas regiões do país que viam na Psicologia a oportunidade de melhorar a vida das pessoas, a qualidade da educação oferecida ou mesmo as condições de vida no país, é o início de uma nova luta pela qualidade da formação e dos profissionais. Enfim, esta data também marca o início do período profissional da Psicologia, pois, mesmo com o surgimento do primeiro curso de graduação na área, na década de 1950, é a partir do dia 27 de agosto de 1962, que começa o ensino formal e reconhecido por lei.

DIREITOS – Atualmente muito se fala na Psicologia, mas, afinal qual o papel do profissional de psicologia?
Carlineia Lima – Todos têm diferentes capacidades e distintos modos de lidar com as mesmas situações, o Psicólogo dentro das suas especificidades tem como objetivo promover em seu trabalho o respeito à dignidade e integridade do ser humano. Estudar, compreender e promover mudanças no comportamento disfuncional do ser humano é papel do profissional em psicologia. Sua atuação deve se dá sem preconceito, sem imposição de suas vontades, crenças pessoais e/ou religião, respeitando sempre o individuo e tendo comprometimento com a ética profissional.

DIREITOS – Quais são os principais campos de atuação do psicólogo atualmente? 
Carlineia Lima – Na atualidade o psicólogo esta inserido em diversificadas áreas, sendo elas no âmbito da educação, justiça, lazer, saúde, trabalho, comunidades, comunicação e segurança. Sendo assegurada pelo CFP – Conselho Federal de Psicologia a atuação como: psicólogo clinico, psicólogo organizacional e do trabalho, psicólogo do trânsito, psicólogo educacional, psicólogo jurídico, psicólogo do esporte, psicólogo social, psicólogo hospitalar e a área acadêmica (professor no ensino médio e superior).

DIREITOS – Percebe-se que algumas pessoas não sabem ao certo a diferença entre psicólogo, psiquiatra e psicanalista. O que os diferenciam?
Carlineia Lima – O Psicólogo possui formação específica na área de psicologia, a graduação dura 5 anos e ele sai habilitado com licenciatura ou bacharelado, estando apto para lidar com problemas de ordem psicológica e comportamental, trabalhar com sessões de psicoterapia, orientação psicológica, psicodiagnóstico (testes), entre outras atividades. O Psicanalista tem como base de estudo as teorias do austríaco Sigmund Freud. De forma geral, a psicanálise tem como objetivo auxiliar no autoconhecimento e a habilidade em lidar com problemas do próprio eu. Apesar de estar inserida na Psicologia, pois é uma forma de psicoterapia, a psicanálise pode ser entendida como um campo à parte, não existindo uma faculdade específica, não sendo necessário ser psicólogo ou psiquiatra para se tornar um psicanalista, quaisquer pessoas que possua nível superior pode fazer uma pós-graduação em psicanálise.
O Psiquiatra é formado em medicina e possui especialização na área de psiquiatria. Está capacitado para identificar e diagnosticar problemas de ordem mental e somente com ele o tratamento pode ser feito à base de medicamentos. “É uma parte da medicina que trabalha diretamente com os aspectos fisiológicos das manifestações psíquicas indesejáveis”. Em suma, o psiquiatra tem como foco a identificação da desordem mental e, em seguida, o tratamento medicamentoso de tal desordem. Já o psicólogo não pauta sua atuação por diagnósticos, pois a ele interessa mais saber as causa subjacentes que estão motivando o adoecimento mental daquela pessoa.
O psiquiatra e o psicólogo são profissionais complementares, e a julgar pela avaliação dos mesmos, pode-se realizar tratamento combinado, psicoterapia com o psicólogo e tratamento medicamentoso com o psiquiatra.

DIREITOS – No momento, em qual área a senhora está atuando e como funciona o seu trabalho?
Carlineia Lima – Estou atuando como psicóloga clinica em um centro de referência que tem como público–alvo pessoas acometida por morbidades infectocontagiosas, atuo como psicóloga organizacional e do trabalho em uma empresa de consultoria e ministro eventualmente aulas em uma escola técnica. Como psicóloga clinica realizo atendimentos psicoterapêuticos individuais ou em grupo, com periodicidade semanais ou quinzenais e duração fixa de 50 minutos ou variável a depender da demanda; palestras em instituições públicas e privadas, trabalhos com equipe multiprofissional, atuo como norteadora no processo de descoberta e adaptação frente à descoberta da condição clinica. Na área organizacional é feito seleção de pessoal, através da utilização de métodos e técnicas de avaliação, e a realização de estudos para a identificação das necessidades humanas dentro do ambiente organizacional.

DIREITOS – Para concluir o que a profissão representa para a senhora e qual a mensagem você deixa para os acadêmicos em psicologia?
Carlineia Lima – Poder colocar o conhecimento da psicologia a serviço do outro, saber que através do meu trabalho eu posso agregar melhora na qualidade de vida das pessoas é extremamente gratificante. Receber um paciente acometido com sofrimento psíquico e vê-lo retomar o colorido da vida, vê-lo redescobrir-se enquanto ser de possibilidades, leva-lo a perceber que existe vida após a dor, não tem preço. A sensação de sentir que meu trabalho tem um valor humano, existencial, ao outro me possibilita renovação permanente, e aos futuros psicólogos eu diria, utilizem o nome da instituição e participem de tantos, quantos estágios e/ ou cursos forem possíveis, integrem-se a grupos de pesquisas e extensões, especializem- se agreguem teoria a pratica, mas, ao iniciar o exercício profissional acima de tudo sejam humanos.