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Dia Internacional da Mulher, a Luta Continua

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Historicamente, durante séculos, o papel da mulher incidiu, sobretudo, na sua função de mãe, esposa e dona-de-casa, enquanto que ao homem estavam destinadas, no início, as atribuições de caçar, pescar e guerrear e, posteriormente, um trabalho remunerado no exterior do núcleo familiar.

Com a advinda da Revolução Industrial inglesa, na segunda metade do século XIX, muitas mulheres passaram a exercer uma atividade profissional, embora auferindo uma remuneração inferior à do homem. Lutando contra essa discriminação, as mulheres promoveram diversas formas de luta, tendo sido relevante a ocorrida em 8 de Março de 1875, na cidade de Nova Iorque/EUA, quando centenas de operárias levaram a cabo manifestações de protesto a favor da igualdade trabalhista e foram violentamente reprimidas pelas forças policiais.

Desde 1875, em sinal de apreço pela luta então promovida, a ONU – Organização das Nações Unidas decidiu consagrar o dia 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.   

Se nos nossos dias, perante a lei da maioria dos países, não existe qualquer diferença entre um homem e uma mulher, a prática demonstra que ainda persistem muitos preconceitos em relação ao papel da mulher na sociedade. Produto de mentalidade ancestral, ao homem não cabia assumir os trabalhos domésticos, o que implicava para a mulher, que exercia uma profissão fora do lar, a duplicação (dupla jornada) do seu trabalho. Foi necessário esperar pelas últimas décadas do século XX para que o homem passasse, aos poucos, a colaborar e não dividir nas tarefas domésticas.

Mas, se no âmbito familiar se assiste a uma rápida mudança, na sociedade em geral a situação da mulher está ainda sujeita às velhas mentalidades que, embora de forma não declarada, cerceiam a sua plena igualdade.

O número de mulheres em cargos de direção em pequenas, médias e grandes empresas, no Brasil, é ainda mínimo e elas continuam ganhando menos que os homens, apesar de demonstrarem excelentes qualidades no desempenho das atribuições que lhes são confiadas.

Hoje, as mulheres estão integradas em todos os ramos profissionais, mesmo naqueles que, até há bem pouco tempo, apenas eram atribuídos aos homens, nomeadamente a intervenção em operações militares de alto risco, entre outras.

Nos últimos anos, a festa comemorativa do Dia Internacional da Mulher, no nosso país, é aproveitada por muitas delas, de todas as idades, para sair de casa e festejar com as amigas, em bares, casas de shows e shoppings centers, o dia que lhes é dedicado. Mas, cada vez mais, elas têm aproveitado esse dia para refletir acerca do papel da mulher na sociedade moderna, promovendo palestras e passeatas. Enquanto que os homens ficam em casa para desempenhar as tarefas que, tradicionalmente, são imputadas a elas: arrumar a casa, fazer refeições, cuidar dos rebentos (sem problema nenhum) ou as acompanham, pois, de uma forma ou de outra, estarão ao seu lado.

Se a sua esposa, irmã, mãe ou avó ainda é daquelas que, não obstante às suas tarefas laborais no exterior ou até mesmo em casa, pois muitas delas desenvolvem trabalhos profissionais em casa, ainda encontra tempo e paciência para que nada lhe falte, o mínimo que poderá fazer será aproveitar este dia para lhes transmitir o seu apreço. Eternize este dia, esquecendo mentalidades preconcebidas, colaborando mais com elas nas tarefas diárias e olhando-as de igual para igual em todas as circunstâncias, quer no interior de seu lar, quer no seu local de trabalho. Quando todos assim procederem, não haverá mais necessidade de um dia dedicado à mulher, pois todos os dias serão dias da mulher.

Por Vercil Rodrigues

Advogado e jornalista/MTB/FENAJ 5.801, editor-fundador dos jornais e portais de notícias DIREITOS e O COMPASSO.