Notícia

Meu adeus ao Dr. Theovaldo

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“Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves dentro do coração, assim falava a canção …”

Foi ouvindo “Canção da América”, na voz de Milton Nascimento, em casa de um amigo comum, que tive o privilégio de conhecer o Dr. Theovaldo.

Feitas as apresentações, de logo sentimos algo transcendental que nos atraía: Era a poesia!

Na oportunidade, sob as bênçãos de Dionísio, recitamos vários poemas, ou melhor, ele recitou vários poemas de poetas da estirpe de Drumond, Fernando Pessoa, Castro Alves e tantos outros, mas ele tinha uma preferência enorme por Augusto dos Anjos; eu fiquei maravilhado, encantado mesmo! Daí nasceu nossa amizade.

E cada vez que nos encontrávamos o meu espírito se sentia enriquecido.

Ele fazia bem a minh’alma pela pessoa humana que era, pelo seu jeito simples de ser, pelo seu caráter, pela humildade e pela vocação de servir ao próximo, pelo simples prazer de servir.  

Amigo, estou muito triste porque você se foi e não pude te dar um abraço.

Se soubesse que você iria, quando te vi há quinze dias antes de sua partida, confesso que pediria para você ficar.  É triste olhar o mundo e não te ver.

Guardo de ti as melhores lembranças! O seu sorriso franco, o seu abraço fraterno e a sua alegria contagiante estão fotografados na minha mente.

Creio que você não se foi. Você apenas se mudou para o outro lado do caminho. Foi viver no mundo do criador e eu fiquei no mundo das criaturas.

Permita-me, amigo, relembrar os velhos tempos com um poema de Santo Agostinho. Ei-lo:

“A morte não é nada.

Eu somente passei para o outro lado do caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês

O que eu era antes para vocês eu continuarei sendo

Me deem o nome que vocês sempre me deram,

Falem comigo como vocês sempre fizeram

Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas,

Eu estou vivendo no mundo do criador.

Não utilizem um tom solene ou triste

Continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos

Rezem, sorriam, pensem em mim.

Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado como sempre o foi,

Sem ênfase de nenhum tipo

Sem nenhum traço de sombra ou de tristeza.

A vida significa tudo que ela sempre significou, o fio não foi cortado.

Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas?

Eu não estou longe,

Apenas estou do outro lado do caminho.

Você que aí ficou, siga em frente,

A vida continua, linda e bela como sempre foi”.

Queria lhe dizer tantas coisas, mas prefiro a certeza de que “seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia amigo eu volto a te encontrar, qualquer dia amigo a gente vai de se encontrar”, assim falava a canção.

Até mais!

Deus te abençoe!!

Dr. Antônio Hygino

Juiz de Direito do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e Membro da Academia de Letras de Ilhéus (ALI)