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Vercil Rodrigues: professor, jurista e empreendedor nas letras

Foto Efson Lima

Recentemente li um artigo sobre os juristas na Academia Brasileira de Letras de autoria de Alberto Venâncio Filho, assim como em outro momento escrevi sobre alguns juristas na Academia de Letras de Ilhéus. Não obstante, a Academia de Letras de Ilhéus prepara uma tertúlia para o dia 21 de agosto do corrente ano, com três pessoas do mundo jurídico no Instagram, da própria instituição: Geraldo Lavigne, Jabes Ribeiro e Josevandro Nascimento. Certamente, será um excelente momento para vermos pelos menos duas gerações reunidas que esteiam a civilização grapiúna, cuja abordagem será feita a partir do seguinte título: “O papel do direito e o direito no papel”

As presenças de advogados, médicos, professores e jornalistas pais a fora nas Academias são constantes. Não porque essas profissões são as mais nobres da nação, mas porque essas historicamente se enveredam com a escrita, talham as palavras, juntam vocábulos para dar sentido aos textos. Somam-se ainda os processos formativos e o acesso dessas formações no ensino superior, sem prejuízo de outras interpretações para o fenômeno.

Permitam-me registrar uma pessoa das terras sul-baianas, pois, por si só ele se destaca nesse cenário: Vercil Rodrigues. A atuação profissional e formação desse cidadão são significativas. É um exemplo para diversas gerações. A caminhada dele é a confirmação de que é possível superar obstáculos. A sua trajetória de professor, jurista e empreendedor evidenciam uma caminhada exitosa e serve de farol para tantas outras pessoas.

O jurista Vercil Rodrigues não se limita a uma mera atuação individual, ele procura mecanismos de agregar pessoas, generosamente, aproxima sujeitos para o bem coletivo, é um construtor de pontes. Com esse espírito funda a Academia Grapiúna de Letras (AGRAL), colabora decididamente para a fundação da Academia de Letras Jurídicas do Sul da Bahia Jurídica.  Por meio do “Jornal Diretos” e da “Revista Direitos” reúne constantemente o pensamento jurídico do sul da Bahia e da Bahia. Por sinal, é o único jornal e a única revista especializada sobre o mundo jurídico no estado da Bahia com respectivos formatos. Ambos provam seu empreendedorismo. Um estado que tem juristas do quilate de Ruy Barbosa, Orlando Gomes e Josaphat Marinho, para ficar nos que não mais estão entre nós, não pode ficar sem esses importantes suportes informacionais. Para nossa sorte eles existem!

O imortal Vercil Rodrigues faz parte do quadro da Academia Grapiúna de Letras (AGRAL), da Academia de Letras Jurídicas do Sul da Bahia (ALJUSBA) e da Academia de Letras de Ilhéus (ALI), nessa, tomou posse em 05 de maio de 2011, completando uma década de atividades acadêmicas na cadeira n.º 21. É membro também do Instituto Histórico Geográfico de Ilhéus.  Ele é pós-graduado em Direito Público e Privado; membro-fundador da Associação Sul Baiana de Advogados Previdenciaristas (ASBAP); autor dos livros jurídicos: “Breves Análises Jurídicas”, “Dicas de Direito Imobiliário” e “Dicas de Direito Previdenciário” “Análises Cotidianas”, Tribunal de Júri – História, origem e evolução no Direito Processual Penal, todos pela Direitos Editora, cuja editora integra umas das suas ações empreendedoras.

É jornalista e está filiado a Associação Bahiana de Imprensa (ABI); licenciado em História e especialista em “história regional”, “gestão escolar” e “docência do ensino superior”. É fundador também do jornal maçônico “O COMPASSO”.

O discurso de posse na Academia de Letras de Ilhéus de Vercil Rodrigues sintetiza os desafios de milhões de brasileiros e o caminho para a superação: “Pensem, vocês, um menino de infância pobre, sob o ponto de vista econômico, criado sem pai, mas muito bem criado por sua mãe, uma feirante (camelô). Criado no boêmio Bairro da Mangabinha, em Itabuna, jogando bola de gude, soltando “arraia/pipa”, brincando de patinete/carrinho de rolimã, jogando bola no campo enladeirado do pasto de animais de Elzo Pinho – onde também furtava deliciosas goiabas e araçás – e do campo do espinhaço na beira do rio, da comunidade da Bananeira, e lendo revista em quadrinhos do Chet, Pato Donald, Pateta, Mickey e revista de faroeste, entre outros. Morando em um barraco de madeira, também na beira do rio, pedindo ao Pai Celestial que não mandasse chuvas em demasia, pois corríamos o risco de termos que sair às pressas por conta das enchentes, chegar a essa Egrégia Casa.” A trajetória do acadêmico Vercil Rodrigues tem muito a ver com a de tantas outras pessoas no Brasil. Sem dúvida alguma, pode ser chamada de trajetória vercilina – trajetória dos que superam os desafios da vida e se impõe como uma autoridade no que faz.

O mundo jurídico está em crise e com isso fica latente a diferença entre o bacharel em direito, o operador do direito e o jurista. Muitos são aqueles que fazem decorebas dos códigos, das leis e se submetem aos certames da vida burocrática. Golfam textos normativos, mas não conseguem fazer a devida aplicação da norma no dia a dia.  Outros burilam o direito como o artista pinta a tela, esculpe a obra na madeira e transforma as normas em bússolas, fazem das sinalizações caminho para a aplicação da norma. Sem dúvida, Vercil Rodrigues é um jurista no sentido pleno do termo.

A versatilidade de Vercil Rodrigues está para o empreendedorismo; para a erudição de seus livros, a interdisciplinaridade de suas obras. Sua ampla formação permite atuar em diversos campos. É um cultivador de sodalícios, qualidade daqueles que sabem que a vida não é um ato individual, mas coletivo.

Antes de finalizar, certa vez, escrevi um artigo para o extinto Jornal Agora, sobre direito à saúde, na sequência, recebo um e-mail de Vercil Rodrigues pedindo autorização para publicar o artigo no Jornal Direitos. Pode ser um pequeno gesto para alguns, mas esse artigo foi importante na minha seleção para o mestrado em direito na UFBA. Esse aparente pequeno gesto foi estímulo para que eu continuasse a escrever. Não nasci em família abastada, muito menos conhecida no sul da Bahia. Portanto, não foi favor.

Por fim, mas com muita importância, mesmo que em breve frase, seria injustiça minha não destacar duas mulheres na vida de Vercil Rodrigues: Elza Rodrigues Silva e Angélica Rodrigues, respectivamente, mãe e esposa. É impossível não encontrar a gratidão do acadêmico para com essas duas importantes figuras na trajetória vercilina, parafraseando Maria Schaun da Academia de Letras de Ilhéus, elas merecem um livro. Vercil Rodrigues também é um daqueles que tem trajetória para um livro próprio.

Por Efson Lima

Doutor, mestre, bacharel em direito/UFBA. Autor do livro “Textos Particulares”. Coordenador do Bardos Baianos Litoral Sul. Um dos idealizadores e fundador do Festival Literário Sul – Bahia (FLISBA). Professor universitário. Coordenador dos Centros Públicos de Economia Solidária no Estado da Bahia. Salvador – Bahia.

E-mail: efsonlima@gmail.com