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Lutando pela paz, associação de boxe dá nocaute na violência

Foto Gil e Samuel

Um belo dia, no bairro Pedro Jerônimo, o jovem Gilmarques Sabino dos Santos (Gil) começou a ensinar os meninos a lutar boxe no meio da rua. Era uma forma de afastá-los das tentações do tráfico e da violência que tanto “derruba”, principalmente na periferia. Aquele passo transformou-se numa caminhada que dura 13 anos e chama-se Associação de Boxe Lutando pela Paz.

A entidade, que tem alunos e alunas de bairros circunvizinhos, foi tema de uma sessão especial na quinta-feira (16), na Câmara de Itabuna, por solicitação do vereador Francisco Gomes dos Santos (PSD). “Vocês estão no caminho certo e dão muito orgulho para nossa cidade. Cada mente ocupada com esporte evita de estar na marginalidade, na prostituição. Estamos providenciando para buscar na Casa o Certificado de Utilidade Pública para a associação”, declarou, acompanhado de alguns pares na solenidade.

No Plenário Raymundo Lima, brilhavam os olhinhos de dezenas de crianças que têm aulas do projeto, num espaço cedido pela igreja local. Entre os espelhos que sonham seguir está Samuel Rosa dos Santos, de 15 anos, Campeão Brasileiro de Boxe! Treinando desde os seis e arrasando a cada round em competições intermunicipais, interestaduais e nacionais, ele já tem 23 títulos. Mas os professores da associação avisam a todos: para treinar, tem que estar bem na escola, hein?

Morador do Maria Pinheiro, Samuel tem três irmãos e sonha em ser campeão nas Olimpíadas. “Sou muito grato a Gil e às pessoas que colaboram com a gente. Tem que treinar muito e focar, sempre com humildade. Minha mãe tem orgulho de eu não entrar num meio ruim”, afirma o campeão.

Sereno, o idealizador Gil fala dos valores ali cultivados – muito além de medalhas, troféus e títulos. “A intenção principal do projeto é formar cidadãos de bem, seres pensantes que voltem a estudar, trabalhar, constituir família, para melhorar a sociedade. Quando a gente começa a fazer um trabalho com dedicação, automaticamente vão vir frutos bons”, assinala.

Mãos dadas

O projeto foi ganhando apoios à medida que a comunidade do município foi conhecendo os resultados alcançados. A assistente social Normaci Conceição Santos é uma voluntária, junto com pedagogo, educador físico, advogado, entre outros. E contribuições acontecem até de forma anônima, com uma senhora que está garantindo o lanche dos alunos.

“Uma ação coletiva é para fazer a diferença na sociedade. (…) Se algum nutricionista e enfermeiro também quiser ser voluntário, será bem-vindo”, sinalizou Norma, após apresentação da trajetória do grupo.

Também presente à sessão, o vice-prefeito e secretário de Esportes Enderson Guinho conquistas recentes em favor do esporte. “É um momento muito alegre; viemos aqui comemorar o aniversário da associação, mas também porque é seguido da sanção do projeto que vai dar assistência aos nossos atletas, como também a eventos amadores em nossa cidade daqui pra frente. Temos uma Secretaria de Esporte criada há mais de 30 anos e que nunca teve uma lei que atendesse, com recursos próprios, nossos atletas e nossos eventos”, comemorou.

Os presentes àquela sessão especial, tanto autoridades como demais cidadãos, têm uma certeza: conhecer, em detalhes, a história da Associação de Boxe Lutando pela Paz faz acreditar que é possível, sim, contribuir com um mundo mais justo.