Notícia

Diretora do Manoel Novaes explica fluxo da média e alta complexidade

Dra Fabiane Chávez

O não seguimento do fluxo pela população tem gerado uma série de transtornos no Hospital Manoel Novaes, que é referência em diversas especialidades no interior da Bahia. De cada 10 pacientes que chegam ao hospital materno-infantil, 8 deveriam dirigir-se a uma unidade básica de saúde no bairro onde moram.
De acordo com a médica e diretora técnica do Hospital Manoel Novaes, Fabiane Chávez, mais de 80% dos casos que chegam à unidade hospitalar são ambulatoriais. São pacientes que poderiam ser atendidos em outras unidades de saúde do município.
A médica ressalta que o Hospital Manoel Novaes é uma unidade de média e alta complexidade para atender somente os casos graves. Entre os pacientes que deveriam ser atendidos na unidade hospitalar estão os conduzidos pelo Samu-192, os com politrauma, traumatismo cranioencefálico, convulsão, queimaduras e àqueles com indicação de Terapia Intensiva Pediátrica.
Fabiane Chávez explica que o Manoel Novaes segue o protocolo de Manchester, com a classificação de gravidade por cores, sendo laranja e vermelha para os pacientes mais graves. “O serviço aqui é destinado aos pacientes que precisam de um atendimento de emergência médica qualificada, que não podem ser atendidos nas unidades de saúde. Mas o nosso hospital se transformou em uma grande posto de saúde. Esse não é o objetivo”, afirma.
Os pacientes com perfil de baixa complexidade superlotam o hospital e atrapalham o atendimento em tempo hábil para quem precisa dos serviços de alta complexidade. “Geralmente são pacientes que não querem esperar. Exigem assistência emergencial e querem atendimento para os seus familiares ao mesmo tempo que o paciente grave”.
A diretora técnica observa que outro problema recorrente é que os pais ou responsáveis já chegam ao hospital exigindo que seja feita uma bateria de exames na criança antes mesmo da avaliação médica. “Em alguns casos os pais querem que seja prescrito um determinado medicamento. Não podemos fazer o que os pais querem e, sim, o que a criança precisa, pois somos nós que temos o conhecimento técnico”, diz.
Existem até situações em que os pais chegam ao hospital exigindo a realização de exame de raio X. “Mas muitos não sabem que esse é um exame que tem efeito colateral. O raio por seguida vezes pode disseminar irradiação no corpo da criança e causar óbito”, alerta.
A diretora técnica acrescenta que o médico, ao adotar uma conduta, o faz baseado em dados da história e exame físico, e às vezes, nos exames complementares.