Notícia

Colegiado da mulher realiza audiência itinerante em ilhéus

58997-926783-2023-08-30-17-21-02

A campanha Agosto Lilás foi encerrada nesta quarta-feira (30) em uma grande reunião da Comissão dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa, que promoveu a audiência pública itinerante em Ilhéus sobre “Desafios e Avanços no Combate à Violência Doméstica contra a Mulher”. Parlamentares, secretários estaduais e municipais, prefeitos, vereadores, autoridades civis e militares, além de representantes de movimentos sociais, lotaram o Teatro Municipal, na rua Jorge Amado, no centro da cidade, para discutir uma temática que preocupa toda a sociedade, por conta do aumento da violência física, psicológica e os crimes de feminicídio.

Na abertura do encontro, a presidente do colegiado, deputada Soane Galvão (PSB), ressaltou que a finalidade da audiência era fortalecer o desenvolvimento de políticas públicas que possam atender às mulheres e aproveitou a oportunidade para fazer alguns agradecimentos. Dentre eles, ao governador Jerônimo Rodrigues, pela atenção que tem dedicado à Região Sul da Bahia, ao presidente da ALBA, deputado Adolfo Menezes (PSD) e ao líder do Governo, deputado Rosemberg Pinto (PT), pelo apoio à realização desta primeira audiência da comissão no interior do Estado.

Logo depois da execução dos hinos do Brasil, da Bahia e de Ilhéus, a proponente da audiência convidou a todos para refletir sobre um decreto de 1941, do então presidente Getúlio Vargas, que proibiu a prática do futebol feminino no Brasil. “A regulamentação para a mulher jogar bola só veio em 1983, graças à luta de Marta, Formiga e Andressa, que honraram a camisa da Seleção Brasileira, conquistando medalhas e troféus. Isso prova que nossa luta vale a pena, pois nos traz vitórias. Lugar de mulher é onde ela quiser”, afirmou.

SONHO

A socialista destacou ainda o caso recente de violência sexual, envolvendo o presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, que beijou na boca a meio-campista, Jenni Hermoso, sem o consentimento da atleta campeã mundial da Copa na Austrália e Nova Zelândia. Soane lembrou ainda do famoso discurso de Martin Luther King, citando que, como o líder negro americano, também “tem o sonho de ver esse país, de ver o mundo tratando as mulheres com o respeito que elas merecem”, revelou. A deputada solicitou ainda um minuto de silêncio “em respeito às mulheres vítimas de violência, como Mãe Bernadete Pacífico, assassinada em Simões Filho, e a todas as Marias que, apesar dos 17 anos da Lei Maria da Penha, não foi possível salvar”.

Após a exibição de um vídeo institucional, com mensagens de integrantes da bancada feminina, mostrando o que fazem nas reuniões ordinárias e audiências públicas, foi a vez do emocionante depoimento de Ana Cristina, assistida pelo Centro de Referência e Atendimento à Mulher (Cram). Ela relatou as violências sofridas no dia a dia com o companheiro e sua história de garra, determinação e superação. As deputadas Ivana Braga (PSD), Ludmilla Fiscina (PV), Cláudia Oliveira (PSD) e Kátia Oliveira (UB) não puderam comparecer à audiência, mas mandaram mensagens de apoio à iniciativa.

O deputado Rosemberg Pinto, que é suplente no colegiado da mulher, considerou fundamental a participação masculina, porque os homens precisam também dividir essas angústias das mulheres, contribuindo para que se possa diminuir e zerar esse processo discriminatório que existe entre homens e mulheres. “É papel nosso denunciar e o Estado precisa ser mais vigilante, pois o maior problema é a sensação de impunidade em relação à violência contra a mulher”, declarou o petista. Para a deputada Olívia Santana (PC do B), o feminicídio vem causando uma cadeia de estragos no seio da família. “Não queremos homens assassinos nas nossas vidas. Quando uma mulher é morta e esse pai é preso, nós temos uma família destroçada. São os órfãos do feminicídio, com um preço muito alto para a mulher pagar. Com luta vamos virar esse jogo”, declarou a comunista.

MACHISMO

Fátima Nunes, que lidera a bancada do Partido dos Trabalhadores na Casa Legislativa, elogiou a criação, por parte do Governo Federal, do Ministério da Mulher, e convocou as mulheres para que, depois dessa audiência, “procurem conversar com os homens no sentido de terem mais respeito pelas causas da mulher”. Mesmo com voz rouca, devido a uma faringite, a médica e deputada Fabíola Mansur (PSB) denunciou a cultura do machismo, que – segundo ela – até os tempos atuais tenta impedir a participação da mulher nos espaços de poder, na educação, nas forças de segurança. “Temos que aumentar a representatividade das mulheres na política. Saibam que uma mulher na Câmara Municipal, na Assembleia, no Congresso Nacional, aumenta muito os projetos voltados para as mulheres. Essa luta pela valorização da mulher é de todas nós”, pontuou a socialista.

Maria del Carmen (PT), a primeira deputada a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), também se mostrou preocupada com as poucas oportunidades que são dadas às mulheres na gestão pública. “Nós queremos transformação, não queremos mais ser deixadas de lado, temos o direito de assegurar mais políticas públicas em benefício das mulheres. Este é um dia de reflexão. Quanto caminhos precisamos trilhar para alcançar os objetivos que a gente quer?”, perguntou a legisladora. No seu pronunciamento, a presidente da Assembleia de Carinho, Denise Menezes, condenou a sociedade machista que pratica covardemente o feminicídio. “Estamos aqui para reafirmar não mais o direito das mulheres, mas a luta que nunca acaba de combate à violência de gênero e de implementação de políticas públicas que promovam a igualdade e o empoderamento feminino”, destacou a primeira-dama do Legislativo baiano.

A secretária Estadual de Política para as Mulheres (SPM-BA), Elisângela Araújo, enalteceu a parceria com a bancada das mulheres da ALBA e falou sobre um conjunto de ações realizadas durante este mês que simboliza o Agosto Lilás. “Já estivemos com este debate em 40 territórios de identidade, ouvindo, construindo as políticas, tanto para o enfrentamento e prevenção da violência contra a mulher, mas também na autonomia e inclusão sócio produtiva em várias comunidades”, pontuou a gestora, que foi aplaudida pelo público após anunciar que em Ilhéus deverá ser construída um das unidades da Casa da Mulher Brasileira.

Além dos oradores citados, participaram da audiência o prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre; a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Carla Serafim; as vereadoras Ivete Maria, Enilda Mendonça e o presidente da Câmara Municipal de Ilhéus, vereador Paulo Carqueija ; a tenente-coronel Rosely Ramos, comandante do Batalhão de Policiamento e Proteção à Mulher da Bahia; delegada Patrícia Barreto, do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoa Vulnerável; Katiana Amorim, coordenadora da 7ª Coorpin-Ilhéus; Camila França, delegada da Deam Ilhéus; Maiana Ribeiro, promotora do Ministério Público-Ilhéus; Emanuelle Armede, juíza da 1ª Vara Crime de Ilhéus; Karine Rhein, juíza federal de Itabuna; Cristiane Nogueira, defensora pública 2ª Vara Cível e Violência Doméstica; tenente PM Priscila Ceuta, comandante da Ronda Maria da Penha de Itabuna; tenente Laís Reis, da Delegacia da Capitania dos Portos de Ilhéus; Major Joilma Cordeiro, comandante da 68ª CIPM; Mariana Damouns, coordenadora do Cram-Ilhéus; Liane Cruz e Vanessa Gideon, representando a OAB de Ilhéus. (Ascom ALBA)